Que é um eremita?
E como vive um eremita?
A palavra eremita vem
do Latim eremus (= deserto) e designa, originalmente, aquele que se retirava
para o deserto a fim de lá viver entregue a Deus na oração, no silêncio e na
solidão. É considerado o primeiro tipo de vida consagrada masculina na Igreja.
Depois, também mulheres o abraçaram.
Podemos distinguir,
para efeito de legislação canônica, dois tipos de eremitas: os ligados a uma
Associação ou Instituto reconhecido pela autoridade eclesiástica competente,
com sua Regra de vida própria, e os autônomos, regidos pelo cânon 603 do Código
de Direito Canônico, de 1983.
Os ligados a uma
Associação ou Instituto aprovado pela Igreja vivem de modo isolado, mas emitem
seus votos (ato canônico juridicamente válido) aos superiores da instituição
que entraram. Os chamados autônomos, por não estarem ligados a uma instituição
que abriga esse tipo de vida, fazem seu compromisso (votos ou algo equivalente)
nas mãos do Bispo Diocesano e seguem suas diretrizes. Diga-se que tanto uma
como outra modalidade de eremitismo não deve ser vista como fuga da realidade
(o que não seria sadio), mas, sim, como entrega a Deus em favor dos (as)
irmãos(ãs).
O eremita é um
consagrado (monge) que faz a profissão dos chamados conselhos evangélicos de
pobreza, castidade e obediência ligando-se, assim, à vida de santidade da
Igreja (cf. Lumen Gentium, n. 44).
Em comentário, notamos
que esses três votos clássicos da consagração se opõem aos três obstáculos de
santificação apresentados na Sagrada Escritura. Com efeito, diz São João: “O
que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a
soberba da vida – não vem de Deus” (1Jo 2,16). Ora, é a essa tríplice
concupiscência que a Igreja oferece seus remédios eficazes: à concupiscência da
carne, o voto de castidade; à concupiscência dos olhos, o voto de pobreza e à
concupiscência da soberba da vida, o voto de obediência.
Isso posto,
pergunta-se: como vive um eremita? – Vive na busca de perfeição a que todos os
cristãos somos chamados (cf. Mt 5,48) por meio da oração pública da Igreja – a
Santa Missa e a Liturgia das Horas distribuída nos vários momentos do dia – bem
como da oração particular do fiel: o Rosário, a Meditação da Sagrada Escritura
entre outras tantas formas de preces a Deus em favor dos necessitados (pobres,
idosos, doentes, perseguidos etc.). Busca, ainda, na caridade, atender aos
pedidos de orações ou de conselhos que lhe chega. Também estuda, trabalha e se
exercita na sadia caridade pastoral.
No campo material,
sustenta-se, dentro da simplicidade, com o que a Divina Providência lhe concede
pelos frutos de um trabalho condizente com seu estado de vida e por meio das
doações de todos aqueles que reconhecem nessa modalidade de viver um grande bem
para a Igreja e para a Humanidade inteira. Afinal, a oração é a alma da alma.
É um modelo belo de
seguimento a Cristo mais de perto e está aberto a homens e mulheres de todos os
tempos e lugares. Voltaremos ao tema.
Ir. Vanderlei de Lima é
eremita na Diocese de Amparo.
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